Uma experiência feita por pesquisadores do Programa de Pesquisa de Longa Duração na Floresta Nacional de Caxiuanã (PA), o PELD FNC, comprova que nos cenários de mudanças climáticas de redução de chuvas no Bioma Amazônia, há a previsão de colapso no número de espécies de plantas do sub-bosque pouco tolerantes a alterações micro-climáticas.
O estudo feito com a F.anisocalyx, um dos arbustos mais abundantes do sub-bosque da floresta amazônica, mostra que a estrutura da população de F.anisocalyx foi drasticamente reduzida com a falta de chuvas. Essa planta não tolera a redução da umidade do solo provocada pela redução hídrica artificial.
O artigo publicado pelos pesquisadores, disponível no site do projeto, mostra como a espécie foi usada como experimento para analisar seu comportamento a partir da redução artificial nas precipitações. Para tanto, o estudo buscou comparar a estrutura populacional em amostras de plantas nas duas fases: uma com mais idade (plantas mais estabelecidas), outras mais novas.
Nas duas amostras a estrutura da população de F.anisocalyx foi reduzida; a planta não tolera a redução da umidade do solo.
No que se seguiu ao experimento, houve uma mudança significativa na espécie, que diz respeito a redução da sua estrutura populacional em relação à densidade, diâmetro e altura.
A pesquisa antecipa as previsões feitas a partir de outros estudos e reforça a dimensão dos impactos nos sub-bosques que serão causados pela redução nas chuvas. Segundo Leandro Valle Ferreira, coordenador da pesquisa “O impacto do estresse hídrico artificial na biota do sub-bosque da floresta Amazônica no projeto seca floresta (Esecaflor): 20 anos de monitoramento e lições aprendida, em alguns casos a vegetação será substituída por outras, ou algumas espécies simplesmente deixarão de existir.
Enfrentamento ao aquecimento global
O século XXI representa um período marcado por uma grande ameaça à biodiversidade e que configura um dos principais problemas ambientais: o aquecimento global. Provocando alterações no clima, o aquecimento influencia as atividades cotidianas do homem, e ironicamente, têm ocorrido de forma mais intensa a partir de suas próprias ações.
Portanto, para colaborar com o enfrentamento ao aquecimento global é essencial tomar medidas para diminuir a propagação de gases atmosféricos. O principal responsável por esse acúmulo é o CO2. Alguns hábitos são simples: optar por transportes coletivos, poupar o uso de energia elétrica, reaproveitar resíduos e evitar queimadas e/ou desmatamentos.
Projeto de Estudo da Seca da Floresta” (ESECAFLOR)
Por meio de observações, foi possível perceber que a partir de uma anomalia, conhecida como o fenômeno “El-Niño” e diz respeito ao aquecimento das águas no Oceano Pacífico, o bioma da Amazônia sofre com a consequência da redução drástica da precipitação e passa por mudanças comportamentais da floresta.
Assim, pela necessidade de monitorar estas consequências e acompanhar as mudanças previstas pelos estudos, surge o “Projeto de Estudo da Seca da Floresta” (ESECAFLOR), como um experimento a longo prazo de uma floresta tropical chuvosa, submetida a uma condição de redução da umidade do solo induzida artificialmente. Foi desenvolvido pela equipe do PELD Floresta Nacional de Caxiuanã (FNC), sediado na cidade de Belém, no Pará.
- Pesquisador João Athaides da Silva, da Universidade Federal do Pará, coordenador do Projeto Seca Floresta (ESECAFLOR) no Sítio PELD-FNC
- Pesquisador Antônio Carlos Lola da Costa, da Universidade Federal do Pará, coordenador do Projeto Seca Floresta (ESECAFLOR) no Sítio PELD-FNC
- Pesquisador Leandro Valle Ferreira, do Museu Paraense Emílio Goeldi, coordenador do Sítio PELD FNC
Sobre o ESECAFLOR
O campo de estudos do ESECAFLOR vem sendo desenvolvido na floresta ombrófila densa, nas proximidades da Estação Científica Ferreira Penna, localizado na Floresta Nacional de Caxiuanã (PA) e administrado pela base de pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi. O projeto iniciou em 2001 e vem sendo desenvolvido até hoje, mantido financeiramente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI/CNPq) e recursos de outras fontes. O grupo de pesquisa atua desde 1997 e reúne pesquisadores de instituições como Universidade Federal do Pará (UFPA) e do MPEG.
O projeto ainda conta com uma área dividida por duas partes, separadas por trincheiras cavadas com profundidades variando de 50 a 150 cm, equivalente a 01 hectare cada. A primeira área, denominada como testemunha, é autoexplicativa e representa a parte que testemunha os experimentos realizados. Já a segunda, diz respeito a área que chamamos de experimental, pois é nela que, através de uma estrutura composta por cerca de 6 mil painéis plásticos, acontece a exclusão de cerca de 50% da água da chuva.
Ação Sensibilização sobre as mudanças climáticas
Texto: Paloma Ribeiro
Fotos: Acervo PELD FNC/PA
Edição: Márcia Dementshuk e Rostand Melo
Coordenação do Peldcom Alessandra Brandão
Com informações de: Leandro Valle Ferreira (PELD FNC)
Site: https://www.esecaflor.ufpa.br/
0 comentários