PELD RIPA visa estudos que integra população e meio ambiente

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25 de abril de 2022

Dia Nacional da Caatinga
28 de abril
Sítios PELD no bioma – PELD RIPA

Agricultura no Sítio Salgadinho, no Cariri Paraibano, inserido na bacia do Rio Paraíba. (Foto Mano de Carvalho)

A Caatinga ocupa cerca de 90% do território do Estado da Paraíba. Bioma singular no mundo, que se desenvolve em clima semiárido, poucas chuvas, períodos prolongados de secas. O resultado é uma vegetação resistente, que desenvolveu mecanismos naturais de resiliência, na defensiva, por trás de seus espinhos. Mas vulnerável: em constante ameaças de desertificação – extração de minérios, agropecuária, usinas eólicas e fotovoltaicas – um conjunto conhecido de impactos provocados pelas pessoas, além dos que virão à reboque do aquecimento global.

É neste território onde está a localidade mais árida do Brasil, onde as médias de chuvas ficam entre os 250 a 400 mm/ano, o Cariri paraibano. Justamente onde se encontra a principal nascente que forma a bacia hidrográfica do Rio Paraíba, uma das mais importantes do semiárido nordestino. Um rio exclusivo deste estado, que nasce no Cariri, atravessa um trecho de Mata Atlântica e deságua no litoral. Os municípios situados nesta bacia geram, praticamente, 80% do PIB paraibano. De acordo com a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (AESA) 52% dos paraibanos vivem no território da bacia, em cerca de 60 municípios.

Estas informações seriam suficientes para justificar um grande esforço de pesquisa científica nessa área. Mas outro fator também desperta interesse. O rio Paraíba está recebendo as águas do rio São Francisco, por meio da transposição, a maior obra hídrica da atualidade, na América Latina. Em alguns locais, onde a vazão de água secava em determinadas épocas do ano, agora a frequência da água é perene. Quais os impactos que isso causará para o ecossistema, para as pessoas?

Nesse contexto está em andamento o projeto PELD Rio Paraíba Integrado, parte do Programa Ecológico de Longa Duração, realizado pelo CNPq. O professor José Etham Barbosa, da Universidade Estadual da Paraíba, coordenador da pesquisa, menciona três condicionantes chaves nas quais se baseiam as pesquisas: a transposição das águas do Rio São Francisco para o Rio Paraíba; as mudanças climáticas; e a integração desses fatores com a população que tira desse ambiente o seu sustento.

As pesquisas pretendem responder questões como: se for resolvido o problema de saneamento dos mais de 60 municípios da bacia, isso resolverá a poluição e o desmatamento nessas áreas? Qual a possibilidade da biodiversidade de gerar commodities ambientais? Qual seria a perspectiva de rentabilidade de um hectare de caatinga conservada, dentro de um plano turístico e histórico de exploração sustentável?

“Na região do Semiárido, onde se encontra o bioma Caatinga, as projeções diante do aquecimento global é de que os extremos de secas se intensificarão, serão mais prolongadas”, salientou José Ethan. Os dados foram simulados com as observações feitas na bacia do Paraíba nos últimos 50 anos. “Os ciclos das secas estão ficando mais drásticos”, completou o professor. 

Com mais informações em mãos, será possível planejar soluções que tornem viável um convívio digno com a Caatinga, sem levar o bioma à exaustão.

Área conservada na Fazenda Salambaia, em Boa Vista, no Cariri (PB). Espécies de vegetais típicas da Mata Atlântica vivem nas encostas de montanha (Foto: Mano de Carvalho)

Projeto alavanca articulação entre órgãos e instituições

O Projeto Rio Paraíba Integrado teve o mérito científico reconhecido pelo CNPq e é totalmente financiado pelo Governo do Estado da Paraíba, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba, a Fapesq. Será realizado ao longo de quatro anos, tendo iniciado no ano passado.

Para ampliar as pasquisas de maneira qualitativa, a coordenação do projeto articulou um arranjo institucional que envolve a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Universidade Federal da Campina Grande e o Instituto Federal da Paraíba (IFPB). E ainda, órgão como a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) e o Instituto Nacional do Semiárido (Insa), além de vários parceiros nacionais e internacionais. Forma-se uma grande rede que tem ao todo mais de 60 pesquisadores, quase 40 alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado envolvidos com todas as temáticas relacionadas à bacia do Rio Paraíba.

Dia Nacional da Caatinga – 28/04
Coordenação do Peldcom: Profa. Dra. Alessandra Brandão
Texto e edição: Márcia Dementshuk
Fotos: Mano de Carvalho

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