As projeções do novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apontam um cenário preocupante para o Brasil e para o mundo acerca da saúde dos recifes de corais, conforme destaca Beatrice Padovani, coordenadora do PELD TAMS, o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração Tamandaré Sustentável: “A emissão de gases do efeito estufa, provocados pelo aumento de temperatura, vêm provocando consequências severas em nosso planeta. Devemos nos preocupar tanto em buscar meios para que freiem essas emissões de gases, quanto em ações locais”, enfatiza.

Pesquisadores do PELD TAMS/PE, vinculado ao Laboratório de Estudos em Ecossistemas Oceânicos e Recifais (LECOR) da Universidade Federal de Pernambuco, observam que o branqueamento dos corais, fenômeno desencadeado, sobretudo, pelo aumento da temperatura da água dos oceanos, afeta de modo significativo grande parte dos recifes de corais em Pernambuco. As diversas formas de exploração pelo homem também acabam causando danos a esses ecossistemas marinhos, tornando-os cada vez mais debilitados.

Uma das questões centrais abordadas pelo PELD TAMS diz respeito à variabilidade temporal e às tendências observadas em relação a impactos antrópicos e climáticos nas últimas décadas.

Beatrice Padovani destaca as principais causas do branqueamento: “Os recifes de corais são muito vulneráveis a mudanças climáticas, então qualquer variação anormal de temperatura pode interromper a simbiose entre os corais, as zooxantelas, microalgas básicas para a manutenção do sistema”, ressalta. O coral sofre um efeito de branqueamento e depois isso pode levá-lo à morte, ou não. Se a anomalia térmica demorar muito tempo, for muito intensa, pode acontecer a morte.

Em entrevista concedida ao Globo Repórter, Beatrice Padovani enfatiza o quão grave são os branqueamentos em colônias. “Essa foi a época mais quente na história desde que se começou a medir a temperatura dos oceanos. Tivemos eventos dessa natureza ao longo dos últimos doze anos (2010, 2016, 2019 e 2020), sendo todos de modo intenso e com intervalos cada vez menores”, destacou.

Desafios impostos à vida dos corais é preocupação 

Padovani destaca que “os recifes representam proteção da linha de costa para populações à beira mar, localizadas em áreas periféricas, as quais não têm para onde se deslocar num possível aumento do nível do mar e intensificação de tempestade. Dessa forma, os recifes saudáveis, naturalmente, atuam como protetores”, enfatiza.

Outro fator preocupante, segundo a pesquisadora, diz respeito ao eixo econômico, pois os recifes provêm segurança alimentar para a população e renda para o turismo. Tal fato caracteriza uma situação de dependência econômica desse ambiente, especialmente para comunidades que não possuem alternativas de moradia.

As mudanças no clima podem, ainda, afetar a reprodução de peixes, ou provocar migração de espécies para outros locais, prejudicando a pesca, outra atividade econômica importante para as comunidades.

As pesquisas mostram que, embora sejam afetados pelos fatores já citados, os recifes de corais conseguem se recuperar desses eventos. Padovani menciona que tal capacidade é aumentada pelas ações locais; “é preciso trabalhar ao máximo para a conservação e participar dos movimentos para mitigação das mudanças climáticas através das medidas que já têm sido preconizadas pelo IPCC e outros órgãos”, enfatiza Padovani.

Ação Sensibilização para as Mudanças Climáticas
Coordenadora do PELDCOM: Alessandra Brandão
Texto: Clara Damasceno
Edição: Márcia Dementshuk
Com informações de: Beatrice Padovani (PELD TAMS)
Fotos: PELD TAMS