Projeto ecológico da Paraíba integra a pesquisa para soluções em política públicas

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18 de junho de 2024

Membros do PELD RIPA na XIII Reunião de Acompanhamento e Avaliação do Programa PELD

O projeto de Pesquisa Ecológica de Longa Duração Rio Paraíba Integrado (Peld RIPA) apresentou resultados de trabalho na, na sede do CNPq, em Brasília. O Peld RIPA integra a lista virtuosa dos projetos chancelados pelo CNPq e é totalmente financiado pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secties) e da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), com o aporte de R$ 200 mil.  

O Peld RIPA tem como objetivo avaliar a estrutura e o funcionamento ecossistêmico da bacia hidrográfica do rio Paraíba. O projeto foi recomendado na chamada CNPq/MCTI/CONFAP-FAPS/PELD nº 21/2020, ação do programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração, originado no CNPq há 27 anos. Patrícia Costa, coordenadora de Programas e Projetos da Fapesq, esclarece que o Peld Ripa é o único projeto Peld no Brasil totalmente financiado por uma fundação estadual de apoio à pesquisa, aprovado no mérito do CNPq para integrar os sítios de pesquisa de longa duração. “Nossa participação nesta reunião de avaliação em Brasília confirma a competência dos pesquisadores do Peld Ripa, que ainda apresentaram um projeto muito bom de divulgação científica”,  informa Patrícia Costa.

Com duração de quatro anos para executar as pesquisas, o Peld Ripa tem sido um importante assessor das políticas do governo atual de João Azevêdo. A atuação é propositiva e busca integrar a infraestrutura das universidades, dos institutos de pesquisas e laboratórios. A partir de informações e dados de pesquisa, tem à disposição do poder público subsídios para a geração de um conhecimento ambiental crítico e compartilhado entre a sociedade.

No entendimento do coordenador geral do projeto Peld Ripa, José Etham Barbosa, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), essa assessoria é uma das funções do Peld Ripa, importante na tomada de decisão dos gestores. “Temos um empenho junto ao governo, com  um modelo de desenvolvimento a seguir, com conhecimento de alta qualidade, integrado entre nossas instituições de ensino e pesquisa. A matéria-prima para vida urbana vem dos recursos naturais. Portanto, esses processos estão nos nossos relatórios de discussões para pensarmos como promovermos conhecimento que levem a um desenvolvimento mais equilibrado”, ressalta Etham Barbosa.A parceria com a Fapesq viabiliza a execução de vários projetos sob o guarda-chuva do Peld Ripa. São 151 pesquisadores. Há bolsistas desde a graduação até a pós-graduação no avanço do conhecimento científico. Com relação à responsabilidade com a divulgação e comunicação pública da ciência, foram desenvolvidos pelo Peld Ripa aplicativos, exposições em escolas da rede pública, canais em redes sociais, documentário, além de oficinas influenciando no desenvolvimento da economia. 

Bacia do Rio Paraíba sustenta vida mas sofre impactos

O coordenador geral do projeto Peld Ripa, José Etham Barbosa, enxerga a bacia do rio Paraíba como um grande dínamo de forças ambientais e naturais que sustenta a vida humana, animal e vegetal. “As suas nascentes estão nas serras de Monteiro, na serra de Jabitacá, com uma Caatinga de remanescentes nativos, mas também permeada por diversos impactos vindos do modelo agrícola que é utilizado, já ultrapassado, usando do corte fogo; da grande mineração de rochas que há na Paraíba. É a região que mais sofre com o processo de desertificação, com pontos quentes de progresso”, afirma. 

Dessa  grande área semiárida a bacia do rio Paraíba desce, geograficamente, para a região Agreste, em torno da cidade Boqueirão, partindo para Campina Grande. Aumenta a quantidade de impactos por causa do uso e ocupação do solo. “Nunca houve um planejamento de desenvolvimento sustentável nessa bacia. É uma região de muita potencialidade econômica como para o uso turístico ecológico, de aventura, a exploração de algumas partes de solo propícios para algumas culturas, o aspecto dos reservatórios, a sustentação na regulação do clima e o sustento das comunidades humanas que estão lá”.

Na sequência geográfica, a bacia chega à planície Costeira e deságua ali a partir de Salgado São Félix até Cabedelo, há um complexo de Mata Atlântica, manguezais, restingas, que dão um suporte a várias cadeias produtivas de recursos naturais que são explorados nos bares e restaurantes nas feira e na indústria. Influencia no clima da capital do estado, João Pessoa, na qualidade do ar, sustentado por um belíssimo estuário cuja força de depurar os dejetos e resíduos da Grande João Pessoa é faraônica.

É sobre este complexo que Etham Barbosa concede a entrevista a seguir:

Quais as características que os pesquisadores levantaram da bacia do Rio Paraíba?

Nesses três anos – entrando para o quarto de atividade – a gente se voltou para a caracterização das potencialidades de sua biodiversidade e como ela contribui no benefício e nas relações com as comunidades humanas. E dos serviços ecossistemas que são primordiais para a sua sustentabilidade. Com isso, vemos que é uma bacia hiper diversa em fatores climáticos e vegetação.

Quais os impactos ambientais que a ação humana provoca nessa bacia?

Há uma vertente de impactos herdada por um passivo ambiental de décadas de séculos do processo de ocupação humana dessa bacia. A forma predatória e nada planejada ambientalmente com que grandes empreendimentos e grandes políticas de desenvolvimento foram sendo implantados ao longo das décadas. Desde a algaroba, a criação de tilápia, a mineração, a industrialização, os modelos de produção de pescado de frutos do mar, a cana-de-açúcar. E o modelo que está sendo pensado também para a região da foz, com implantação futura de estaleiros, a construção de ponte sobre o estuário do rio Paraíba, vão alterar significativamente o ecossistema.

Como a transposição do rio São Francisco, que deságua no rio Paraíba, impacta o ecossistema?

A transposição é um grande promotor de desenvolvimento, mas também interliga coisas boas e coisas coisas coisas coisas coisas ruins, como a introdução de espécies exóticas da bacia: espécies que estão relacionadas com a perda da qualidade da água, com a veiculação de doenças hídricas, a presença  de espécies predadoras de espécies nativas.

Quais as perspectivas para a solução aos impactos ao meio ambiente?

Parte da solução que a gente tem perseguido no plano de transformação ecológica que o governo tem promovido, atravessa a bioeconomia, através dos serviços ecossistêmicos, da promoção da saúde e qualidade de vida das populações; e a caatinga é um elemento crucial nesse processo de pensamento de uma nova matriz  de Baixo Carbono. Pesquisadores do Insa, que integram o Peld Ripa, junto com parceiros nacionais e internacionais, trabalham com clima e com solo. Eles estão constatando com dados precisos que a Caatinga é um dos mais eficientes biomas no sequestro de carbono. Aí está uma questão a ser desenvolvida a partir dessas descobertas.

Como as pessoas terão acesso a algum conhecimento produzido pelo Peld Ripa?

Um dos produtos está com o professor Alexandre Vasconcellos que integra a equipe do Ripa. Com o auxílio do Pronex, por meio da Fapesq (programa de financiamento), ele desenvolve o Atlas da Biodiversidade Paraibana. Esse atlas tem dado uma visibilidade no levantamento da nossa biodiversidade, na sua caracterização e na sua potencialização como um ativo na construção de um novo modelo em que a gente propicie sustentação ambiental, o desenvolvimento sustentável em prol de das populações é do povo paraibano que está na nossa bacia do rio Paraíba. O Peld Ripa desenvolveu um aplicativo lúdico para crianças e adultos, com informações sobre a fauna, flora e a importância da conservação da Caatinga, realizou diversas exposições em escolas e desenvolveu técnicas de educação ambiental.

Matéria publicada originalmente no jornal A União – Paraíba

Texto: Márcia Dementshuk

Fotos: Mano de Carvalho e Arquivo do Peld RIPA

Edição gráfica: Júlia Magalhães

Coordenação geral do PeldCom: Alessandra Gomes Brandão

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