COMO SENTINELAS

Notícias | 0 Comentários

Peldcom

Peldcom

8 de outubro de 2022

Sítios PELD monitoram conjuntamente área costeiro-marinha-oceânica no Brasil

As equipes dos 11 projetos PELD no bioma Costeiro-marinho participam dos “Diálogos da Cultura Oceânica”, conectando esses e outros temas em comum entre participantes do Brasil e de outros países

O programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração, (PELD/CNPq) tem hoje 11 projetos em andamento em áreas costeiras e marinhas brasileiras coordenados por pesquisadores reconhecidos internacionalmente. Tal qual sentinelas pela conservação e preservação, eles conduzem equipes que monitoram a biodiversidade marinha e de áreas de restinga e manguezais ao longo do tempo, estudam os efeitos dos desastres ambientais, como as manchas de óleo que atingiram o litoral em 2019 e 2020; atuam para a formação de unidades de conservação ambientais em suas áreas de estudo; incentivam o desenvolvimento econômico e social das populações locais; elaboram e aplicam atividades de educação ambiental e ciência cidadã; criam esforços para estabelecer a comunicação com a população e a opinião pública. E, crucial para se obter resultados factíveis em pesquisa ecológica, detém séries de dados, imagens, e diversas outras informações coletadas durante um longo período de tempo.

Nesta semana, de 09 a 14 de outubro, pesquisadores e pesquisadoras dos 11 projetos PELD no bioma Costeiro-marinho estarão presentes no “Diálogos da Cultura Oceânica”, em Santos (SP) conectando esses e outros temas em comum entre participantes do Brasil e de outros países.


Os sítios do PELD Costeiro-marinho atuam em 10 estados, desde o Rio Grande do Sul, estuário da Lagoa dos Patos, até o Pará, na Foz do Rio Amazonas; alcançam os arquipélagos de Fernando de Noronha, São Paulo e São Pedro, Atol das Rocas, Trindade e Martim Vaz, além de áreas de preservação como Abrolhos (BA), a APA Costa dos Corais (AL, a maior área de proteção Ambiental Marinho-costeira do País) e regiões críticas e bastante urbanizadas como a Bacia de Campos e a Baía de Guanabara (RJ), estuários, a costa semiárida do Nordeste (CE) e a plataforma continental e talude, ao sul de Pernambuco.

Poluição, mudanças climáticas e espécies exóticas são as principais ameaças, segundo pesquisadores

Pesquisadores e pesquisadoras do bioma Costeiro-marinho brasileiro, integrantes do PELD/CNPq, são uníssonos ao destacar as três maiores ameaças atuais aos oceanos: a poluição, os impactos das mudanças climáticas e a invasão de espécies exóticas. 

Os estudos em campo e em laboratório avaliam ameaças agudas e crônicas relacionadas à ocupação humana, tais como esgoto em lagoas, alteração de áreas de drenagem, operações de dragagem próximas a recifes coralíneos, contaminação por rejeitos de mineração, poluição, desmatamento, degradação do solo, ocupação desordenada da orla, sobrepesca, pesca fantasma; impactos de origem terrestre por aportes de efluentes não tratados e agricultura, poluição por plásticos; bem como ameaças mais recentes e agudas, como espécies invasoras, como o peixe-leão que recentemente foi encontrado no Ceará; mudanças climáticas e os  eventos extremos associados, com anomalias térmicas que tem afetado os recifes de coral e fortes chuvas, além dos recentes incidentes de derramamento de óleo proveniente que tem assolado a costa nordeste do Brasil desde 2019.

Na academia as ameaças ao meio ambiente marinho passam a compor desafios de pesquisas. Pós-doutores, doutores, mestres e graduandos usam métodos científicos para conhecerem profundamente os problemas, não só ambientais como socioeconômicos e educacionais, pois a relação de bem-estar entre esses fatores para a conservação ambiental está comprovada. Os resultados são apresentados em artigos acadêmicos, frequentemente publicados em revistas científicas internacionais de alto padrão (Qualis A1); ou em teses, dissertações e livros. 

Essa atividade contribui para a elevação de conceito na avaliação dos programas de pós-graduação das universidades brasileiras realizada pela Capes; na formação de recursos humanos especializados. Para citar um exemplo, o PELD-ELPA (RS), um dos mais antigos, tendo sido estabelecido desde 1998, produziu mais de 300 artigos científicos e formou mais de 200 estudantes e jovens pesquisadores de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. O programa PELD incentiva a pesquisa em rede, agregando cursos de pós-graduação de diferentes universidades, institutos de pesquisa, organizações não governamentais e compartilhando recursos laboratoriais, equipamentos e dados.

Não só as adversidades são investigadas como também busca-se as causas e soluções sustentáveis. Na natureza, o monitoramento e avaliações de longo prazo oferecem suporte para alternativas que visam a conservação da biodiversidade. Além disso, por meio dos projetos são transferidos conhecimento para as comunidades, para a população em geral; tomadores de decisões e gestores públicos têm acesso às informações para formulação de políticas públicas, melhoria da gestão governamental e comunitária para o uso sustentável dos recursos estuarinos e marinhos.

Pesquisas como o estudo realizado por pesquisadores do Peld Costa dos Corais Alagoas e Projeto Conservação Recifal (PCR) que buscou analisar o impacto de um dos maiores eventos de aquecimento oceânico já registrados na região da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais – a maior unidade de conservação federal marinha costeira do Brasil. O levantamento, publicado na Frontiers in Marine Science, traz dados alarmantes sobre os impactos da catástrofe climática em Alagoas, como uma alta mortalidade de corais que chega em até 50% no caso de algumas espécies.

No ano de 2020, um conjunto de recifes da APA Costa dos Corais, próxima ao município de Maragogi, no litoral norte do estado, registrou o maior acúmulo de estresse por calor da série histórica, que data de 1985, quando a metodologia de medição foi criada e os monitoramentos começaram. O DHW (degree heating week), unidade que mede esse estresse, atingiu 12 em maio de 2020 – quando valores acima de 4 costumam causar branqueamento de 30% a 40% dos corais afetados.

Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração, o PELD

Criado em 1997, sob a coordenação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI).

Anterior ao PELD, havia a expectativa de manter no Brasil pesquisas ecológicas com duração além do período de um doutorado ou pós-doutorado. As pesquisas eram realizadas, mas havia dificuldade em mantê-las porque os recursos terminavam quando o, ou a pesquisadora concluía a pós-graduação. E na área da ecologia a continuidade do registro de dados por décadas é definitivo para a comparação de resultados com as pesquisas atuais.

Com a criação do programa PELD, essa continuidade é assegurada a cada quatro anos por meio de Chamadas Públicas, financiadas pelo CNPq através do MCTI, pelas Fundações de Amparo à Pesquisa, a Capes e parcerias locais. Há projetos em andamento há mais de 25 anos.

Por meio da Chamada CNPq/MCTI/CONFAP-FAPs/PELD Nº 21/2020 estão sendo financiados 45 sítios de pesquisa nos biomas brasileiros no total, considerando os 40 originalmente aprovados com recursos federais (40) e os 5 financiados integralmente pelas Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs); além disso nesse ciclo do PELD temos o do projeto de comunicação pública da ciência, o PELDCOM que se dedica a divulgação da ciência produzida nos sítios PELD e articula ações para que os mais variados públicos tenham acesso aos resultados e impactos das pesquisas realizadas pelos diversos sítios do Programa PELD. .

O PELD exerce ainda um papel expressivo na sociedade, gerando entendimento sobre os ecossistemas brasileiros e auxiliando o Brasil a atingir objetivos e metas relacionados à agenda de desenvolvimento global da ONU, a Agenda 2030, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Mais informação sobre programa PELD/CNPq:

https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/peld

Publicado por

Publicado por

Peldcom

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Send this to a friend