Estudo realizado na Costa Semiárida Brasileira ressalta a importância do uso de técnicas de identificação genética para conhecimento dos ciclos de vida iniciais desses animais
Os resultados da investigação de pesquisadores que integram o Projeto Ecológico de Longa Duração Costa Semiárida Brasileira (PELD CSB/CNPq) sugerem que as análises de DNA auxiliam na identificação e descrição dos estágios iniciais de vida dos peixes, incluindo algumas espécies de interesse comercial. O trabalho é fruto da tese de doutorado de Ana Cecília Pinho Costa, da Universidade Federal do Ceará, que pesquisou os ecossistemas costeiros-marinhos submersos no litoral do estado. O trabalho foi publicado na revista ScienceDirect.
Ecossistemas costeiros submersos são uma parte importante nos estágios iniciais da vida dos peixes, sendo regiões reconhecidas como áreas de desova e de berçário. Como ovos de peixe e larvas são organismos pequenos e frágeis, o processo de identificação é complexo. “Tradicionalmente, os ovos de peixe são identificados com base em características morfológicas, como formato e diâmetro do ovo, presença de gotas de óleo, dentre outras, O que torna esse método de identificação visual muito suscetível a erros de classificação por parte dos cientistas, assim se dá a importância do uso das técnicas de identificação genéticas”, explica Ana Cecília.
Esse cenário de possíveis erros fica mais complicado quando os peixes ainda são larvas e ovos (ictioplâncton). Portanto, a pesquisadora coletou amostras em 12 estações na plataforma continental interna da costa do Ceará. (FOTO)
As coletas foram feitas em 2018, sendo divididas em um banco de angiospermas marinhas (plantas vasculares de pequeno porte) e em um banco de rodolitos (algas calcárias). Para identificar as espécies dos ovos, foi realizado um sequenciamento com pequenos fragmentos de DNA (barcoding), que revelaram que as áreas estudadas eram realmente locais de desova de peixes, sendo possível concluir com o sucesso o sequenciamento de 31 amostras de ovos.
“A importância da pesquisa reside no fato de poucas pesquisas terem foco na identificação dos ovos de peixes, fazendo com que poucas espécies possuam uma descrição morfológica completa dos estágios iniciais do ciclo de vida”, pontua Ana Cecília.
Várias espécies tropicais também ainda não possuem DNA sequenciado e depositados em bancos de dados genéticos. Os autores do estudo ressaltam que esses trabalhos devem continuar para que seja possível identificar ainda mais zonas de desova e berçário para espécies de interesse comercial, bem como para compreender a importância que os ecossistemas costeiros-marinhos têm no início da vida dessas espécies.
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Texto: Júlia Magalhães – Graduanda em jornalismo
Edição: Márcia Dementshuk
Coordenação: Alessandra Brandão
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