El Niño e molhes causam diminuição nas populações de peixes da maior laguna da América do Sul

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16 de fevereiro de 2024

Estudo do PELD ELPA na Lagoa dos Patos mostra impacto causado pela alteração na salinidade da água

Lagoa dos Patos, a maior laguna da América do Sul. Foto: Acervo/PELD ELPA

A partir de um conjunto de dados coletados durante 23 anos na região da Lagoa dos Patos – RS, pesquisadores do PELD ELPA puderam identificar que fenômenos intensos do El Niño provocaram uma diminuição na abundância das populações de peixes no local. A queda também é atribuída ao aumento do uso de molhes, estrutura criada para proteger as faixas de areia da movimentação causada pela passagem de embarcações. 

A combinação do El Nino com os molhes cria uma espécie de sinergia. Ou seja, juntando esses dois fatores, um antropológico e um climático, o impacto é intensificado e ainda maior do que seria normalmente.  Essa dupla faz com que menos água doce entre na lagoa, alterando os níveis de sal na água, o que muda muita coisa na vida dos animais que vivem ali.Várias espécies marinhas que usam o estuário não toleram baixas salinidades, o que as impede de utilizar esse habitat para alimentação e proteção durante anos de El Niño.

Mas o que é o El Niño?

Junto a La Niña, o El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico que acontece no oceano Pacífico Equatorial. Basicamente, o nome “El Niño” é usado para caracterizar fases ou períodos de tempo em que o oceano se encontra mais quente do que a condição média histórica. E “La Niña” se refere ao contrário, quando as águas ficam mais frias. São condições anormais, e acarretam várias questões envolvendo a temperatura de todo o planeta.

É importante entender que eles também são opostos em alguns efeitos: enquanto a ocorrência do El Niño diminui a salinidade da água, La Niña aumenta. 

Voltando à laguna

Com o aumento no comprimento dos molhes, a boca do estuário da Lagoa dos Patos foi estreitada, dificultando a entrada de água salgada. Apesar de a construção dos molhes ser um recurso eficiente para conter as erosões do solo, traz complicações para a fauna por causa da diminuição de água do mar. E, claro, não dá para esquecer que os molhes são feitos justamente para conter os efeitos do trânsito de navios. 

Por outro lado, nos períodos de La Niña não foi identificada diminuição. Isso porque se cria uma espécie de equilíbrio no ecossistema, já que a água que consegue entrar na laguna já está mais salgada do que o normal. “Ambos os efeitos naturais e antrópicos devem ser considerados em análises de mudanças climáticas, pois a sinergia dos efeitos podem ser mais intensos na comunidade do que separados”, explica Manuel Macedo, do PELD ELPA. 

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