As turfeiras: ecossistema essencial para a biodiversidade e para o controle do efeito estufa
Talvez você nunca tenha ouvido falar nesse nome na vida, mas as turfeiras são muito importantes para a natureza. Elas são ecossistemas de transição entre ambientes terrestres e aquáticos, mas, acredite: entre 80 e 95% da composição das turfeiras é água!
Praticamente todo o resto vem das turfas (daí o nome turfeira), que é um material vegetal comumente encontrado em várzeas de rios. Isso porque as turfeiras são formadas pelo acúmulo de tecidos vegetais em condições de excessiva umidade, pouca disponibilidade de nutrientes, baixo pH e escassez de oxigênio. Em um processo que demora anos, essa matéria orgânica vai passando por uma humidificação. Por conta disso, elas são essenciais para a retenção de carbono e para regular a vazão dos cursos d’água através de um “efeito esponja”, que absorve a água da chuva e libera no período de estiagem, o que previne enchentes e as próprias secas.
O PELD TURF – Turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional (MG), calcula que o volume de água armazenado nas turfeiras brasileiras é superior a 66 m³. Isso é 66 vezes o volume da Cantareira, o maior reservatório de São Paulo, que abastece 46% da população da região metropolitana da capital. Sim, é muita água!
Só para ter uma noção
“Se considerarmos o consumo médio de água do brasileiro (6 m3 por mês por pessoa), daria para abastecer cerca de 1 bilhão de pessoas por ano. Se considerarmos o recomendado pela ONU ( 3,1m3 por pessoa por mês) daria para abastecer quase 2 bilhões de pessoas por 1 ano”, explica o professor Alexandre Christofaro, coordenador do PELD TURF.
Além disso, um terço de todo o carbono armazenado no solo do planeta está nas turfeiras. O problema é que esses ambientes estão sendo degradados e sofrem com ações do homem, como a drenagem, mineração, agricultura e ocupação. Se as turfeiras são degradadas, esse carbono vai para a atmosfera, acelerando o efeito estufa – que influencia diretamente a temperatura na Terra.
PELD TURF monitora cientificamente o ecossistema
No PELD TURF, as turfeiras dentro e fora do Parque Nacional da Serra do Espinhaço são monitoradas. As que estão dentro do parque, preservadas, ganham carbono e têm maior vazão de água. Enquanto que as de fora, afetadas particularmente pela pecuária e pela queimada, perdem carbono, têm menor diversidades e maior emissão de gases, como o próprio CO2 e o metano.
“A gente está percebendo que a antropização, a ocupação das áreas de turfeiras pelo homem está provocando uma rápida perda de seus serviços ecossistêmicos e também da biodiversidade. Por isso é importante conhecer as turfeiras, as consequências do processo de degradação, para tentar induzir políticas públicas de conservação para esses ecossistemas tão valiosos para a população regional e para a população do planeta Terra”, opina Alexandre.
18% das turfeiras do mundo estão em território brasileiro
Segundo a ONU, o Brasil é o país dos trópicos com a maior área de turfeiras, abrigando 18% de todas as turfeiras do mundo. Mas, o PELD TURF estima que a área ocupada pelas turfeiras brasileiras é de 55.466 km2, um pouquinho menos do que o previsto pela ONU. Isso não impacta em nada a relevância desse ecossistema, que está presente na Floresta Amazônica, no Cerrado, na Mata Atlântica e no Pampa. E um detalhe importante: 67% das turfeiras do Brasil estão na Amazônia. Por abrigar condições muito únicas, a biodiversidade desses habitats é extremamente rica e peculiar, com muitas espécies endêmicas – ou seja, têm seres vivos que só existem nesses ambientes.
PELDCOM
Coordenação Geral: Alessandra Brandão
Coordenação Executiva: Carol Salgado
Texto: Júlia Magalhães – Graduanda
Edição: Márcia Dementshuk
Editoração Eletrônica: Júlia Magalhães – Graduanda
Fotos: PELD TURF
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