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O projeto de Pesquisa Ecológica de Longa Duração Rio Paraíba Integrado (Peld RIPA) apresentou resultados de trabalho na, na sede do CNPq, em Brasília. O Peld RIPA integra a lista virtuosa dos projetos chancelados pelo CNPq e é totalmente financiado pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secties) e da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), com o aporte de R$ 200 mil.
O Peld RIPA tem como objetivo avaliar a estrutura e o funcionamento ecossistêmico da bacia hidrográfica do rio Paraíba. O projeto foi recomendado na chamada CNPq/MCTI/CONFAP-FAPS/PELD nº 21/2020, ação do programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração, originado no CNPq há 27 anos. Patrícia Costa, coordenadora de Programas e Projetos da Fapesq, esclarece que o Peld Ripa é o único projeto Peld no Brasil totalmente financiado por uma fundação estadual de apoio à pesquisa, aprovado no mérito do CNPq para integrar os sítios de pesquisa de longa duração. “Nossa participação nesta reunião de avaliação em Brasília confirma a competência dos pesquisadores do Peld Ripa, que ainda apresentaram um projeto muito bom de divulgação científica”, informa Patrícia Costa.
Com duração de quatro anos para executar as pesquisas, o Peld Ripa tem sido um importante assessor das políticas do governo atual de João Azevêdo. A atuação é propositiva e busca integrar a infraestrutura das universidades, dos institutos de pesquisas e laboratórios. A partir de informações e dados de pesquisa, tem à disposição do poder público subsídios para a geração de um conhecimento ambiental crítico e compartilhado entre a sociedade.
No entendimento do coordenador geral do projeto Peld Ripa, José Etham Barbosa, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), essa assessoria é uma das funções do Peld Ripa, importante na tomada de decisão dos gestores. “Temos um empenho junto ao governo, com um modelo de desenvolvimento a seguir, com conhecimento de alta qualidade, integrado entre nossas instituições de ensino e pesquisa. A matéria-prima para vida urbana vem dos recursos naturais. Portanto, esses processos estão nos nossos relatórios de discussões para pensarmos como promovermos conhecimento que levem a um desenvolvimento mais equilibrado”, ressalta Etham Barbosa.A parceria com a Fapesq viabiliza a execução de vários projetos sob o guarda-chuva do Peld Ripa. São 151 pesquisadores. Há bolsistas desde a graduação até a pós-graduação no avanço do conhecimento científico. Com relação à responsabilidade com a divulgação e comunicação pública da ciência, foram desenvolvidos pelo Peld Ripa aplicativos, exposições em escolas da rede pública, canais em redes sociais, documentário, além de oficinas influenciando no desenvolvimento da economia.
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Bacia do Rio Paraíba sustenta vida mas sofre impactos
O coordenador geral do projeto Peld Ripa, José Etham Barbosa, enxerga a bacia do rio Paraíba como um grande dínamo de forças ambientais e naturais que sustenta a vida humana, animal e vegetal. “As suas nascentes estão nas serras de Monteiro, na serra de Jabitacá, com uma Caatinga de remanescentes nativos, mas também permeada por diversos impactos vindos do modelo agrícola que é utilizado, já ultrapassado, usando do corte fogo; da grande mineração de rochas que há na Paraíba. É a região que mais sofre com o processo de desertificação, com pontos quentes de progresso”, afirma.
Dessa grande área semiárida a bacia do rio Paraíba desce, geograficamente, para a região Agreste, em torno da cidade Boqueirão, partindo para Campina Grande. Aumenta a quantidade de impactos por causa do uso e ocupação do solo. “Nunca houve um planejamento de desenvolvimento sustentável nessa bacia. É uma região de muita potencialidade econômica como para o uso turístico ecológico, de aventura, a exploração de algumas partes de solo propícios para algumas culturas, o aspecto dos reservatórios, a sustentação na regulação do clima e o sustento das comunidades humanas que estão lá”.
Na sequência geográfica, a bacia chega à planície Costeira e deságua ali a partir de Salgado São Félix até Cabedelo, há um complexo de Mata Atlântica, manguezais, restingas, que dão um suporte a várias cadeias produtivas de recursos naturais que são explorados nos bares e restaurantes nas feira e na indústria. Influencia no clima da capital do estado, João Pessoa, na qualidade do ar, sustentado por um belíssimo estuário cuja força de depurar os dejetos e resíduos da Grande João Pessoa é faraônica.
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É sobre este complexo que Etham Barbosa concede a entrevista a seguir:
Quais as características que os pesquisadores levantaram da bacia do Rio Paraíba?
Nesses três anos – entrando para o quarto de atividade – a gente se voltou para a caracterização das potencialidades de sua biodiversidade e como ela contribui no benefício e nas relações com as comunidades humanas. E dos serviços ecossistemas que são primordiais para a sua sustentabilidade. Com isso, vemos que é uma bacia hiper diversa em fatores climáticos e vegetação.
Quais os impactos ambientais que a ação humana provoca nessa bacia?
Há uma vertente de impactos herdada por um passivo ambiental de décadas de séculos do processo de ocupação humana dessa bacia. A forma predatória e nada planejada ambientalmente com que grandes empreendimentos e grandes políticas de desenvolvimento foram sendo implantados ao longo das décadas. Desde a algaroba, a criação de tilápia, a mineração, a industrialização, os modelos de produção de pescado de frutos do mar, a cana-de-açúcar. E o modelo que está sendo pensado também para a região da foz, com implantação futura de estaleiros, a construção de ponte sobre o estuário do rio Paraíba, vão alterar significativamente o ecossistema.
Como a transposição do rio São Francisco, que deságua no rio Paraíba, impacta o ecossistema?
A transposição é um grande promotor de desenvolvimento, mas também interliga coisas boas e coisas coisas coisas coisas coisas ruins, como a introdução de espécies exóticas da bacia: espécies que estão relacionadas com a perda da qualidade da água, com a veiculação de doenças hídricas, a presença de espécies predadoras de espécies nativas.
Quais as perspectivas para a solução aos impactos ao meio ambiente?
Parte da solução que a gente tem perseguido no plano de transformação ecológica que o governo tem promovido, atravessa a bioeconomia, através dos serviços ecossistêmicos, da promoção da saúde e qualidade de vida das populações; e a caatinga é um elemento crucial nesse processo de pensamento de uma nova matriz de Baixo Carbono. Pesquisadores do Insa, que integram o Peld Ripa, junto com parceiros nacionais e internacionais, trabalham com clima e com solo. Eles estão constatando com dados precisos que a Caatinga é um dos mais eficientes biomas no sequestro de carbono. Aí está uma questão a ser desenvolvida a partir dessas descobertas.
Como as pessoas terão acesso a algum conhecimento produzido pelo Peld Ripa?
Um dos produtos está com o professor Alexandre Vasconcellos que integra a equipe do Ripa. Com o auxílio do Pronex, por meio da Fapesq (programa de financiamento), ele desenvolve o Atlas da Biodiversidade Paraibana. Esse atlas tem dado uma visibilidade no levantamento da nossa biodiversidade, na sua caracterização e na sua potencialização como um ativo na construção de um novo modelo em que a gente propicie sustentação ambiental, o desenvolvimento sustentável em prol de das populações é do povo paraibano que está na nossa bacia do rio Paraíba. O Peld Ripa desenvolveu um aplicativo lúdico para crianças e adultos, com informações sobre a fauna, flora e a importância da conservação da Caatinga, realizou diversas exposições em escolas e desenvolveu técnicas de educação ambiental.
Matéria publicada originalmente no jornal A União – Paraíba
Texto: Márcia Dementshuk
Fotos: Mano de Carvalho e Arquivo do Peld RIPA
Edição gráfica: Júlia Magalhães
Coordenação geral do PeldCom: Alessandra Gomes Brandão
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