PELD RAS inicia trabalho pioneiro com os sons do solo da Amazônia

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22 de abril de 2024

Estudo liderado por uma equipe internacional é o primeiro a ser realizado nos trópicos e serve como um indicador de biodiversidade

Pesquisadores realizando a captação dos sons do solo. Foto: PELD RAS.

Pode parecer coisa de ficção científica, mas, sim, o solo também emite sons, produzidos pelos animais que ali habitam  – e eles podem revelar muita coisa sobre o ambiente. Na busca por compreender os segredos ocultos da ecologia do solo, pesquisadores do PELD Rede Amazônia Sustentável (RAS) realizaram uma investigação pioneira na Amazônia brasileira, na região de Santarém (PA), abrindo novas perspectivas sobre a vida abaixo de nossos pés. Eles empregaram um instrumento inédito, a eco acústica  do solo.

O estudo concebeu paisagens sonoras do local, observando diferenças nos sons emitidos por florestas conservadas em comparação com florestas que sofreram queimadas, além de captar variações sonoras ao longo do dia, ajudando a entender mais sobre a vida das espécies locais .                              

A eco acústica do solo é uma ferramenta promissora para compreender mais sobre a ecologia e a fauna dos ecossistemas terrestres, mas é um desafio conseguir registrar esses sons sem causar perturbações ao ambiente. A captação foi feita através de gravadores sensíveis com pipelines analíticos, que possuem fios ligados diretamente à terra, causando uma perturbação mínima na floresta.

Pesquisas desse tipo já foram realizadas nos Estados Unidos e na Europa, mas nunca haviam sido feitas em florestas tropicais. A inspiração para aplicar essa metodologia veio de uma experiência que o cientista britânico Oliver Metcalf, líder do estudo, teve ao ouvir o som do solo de plantações na França. Ao fazer o experimento, a equipe sequer sabia o que poderia encontrar ou se seria mesmo possível captar algo. 

“Eu não tinha ideia se os solos argilosos pesados como o da Amazônia conduziriam bem o som, ou se a espessa camada de serapilheira e húmus interfeririam nas gravações”, explica Oliver. “Para nossa surpresa e alegria, pudemos ouvir uma série de sons claramente criados por invertebrados que se moviam no solo”. 

Resultados mostram diferença nos sons emitidos em florestas queimadas.

Sons diferem entre áreas conservadas e as afetadas pelo fogo 

 Ao analisar as gravações, foi possível constatar que as paisagens sonoras do solo diferem significativamente entre áreas de florestas conservadas em comparação com aquelas que já foram afetadas pelo fogo. Esse é um indicativo importante para o campo de estudos do PELD RAS, que também trabalha com os impactos dos megaincêndios na Amazônia. Embora os valores do índice acústico tenham sido mais elevados nas áreas queimadas, indicando paisagens mais ruidosas, a compreensão exata das implicações dessas descobertas exige mais investigação.

Além disso, os cientistas identificaram padrões de atividade diurna das comunidades animais do solo, com picos de atividade no meio da manhã e períodos de silêncio durante a  noite. Isto só havia sido avaliado uma vez antes, na Suíça, e os resultados do RAS mostraram um padrão semelhante aos encontrados nos vales montanhosos suíços, apesar dos ambientes muito diferentes. 

Com tantas novidades, ainda há muito a ser explorado. O artigo, que pode ser acessado aqui, sugere que a eco acústica do solo tem um grande potencial para ajudar a obter uma melhor compreensão da ecologia do solo na Amazônia, mas precisa ser continuada para conseguir tratar de problemas ecológicos mais complexos. “Esperamos que isto nos permita implantar a monitorização eco acústica do solo em grandes escalas espaciais e começar a recolher informações reais sobre as comunidades animais sob os nossos pés”, pontua Oliver.

Ficou curioso para checar esses sons? Ouça aqui!

PELDCOM
Coordenação Geral: Alessandra Brandão
Coordenação Executiva: Carol Salgado
Texto: Júlia Magalhães – Graduanda
Edição: Márcia Dementshuk
Editoração Eletrônica: Júlia Magalhães – Graduanda

Foto: PELD RAS

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